terça-feira, 29 de junho de 2010

Porque aprender Mandarim:

A seguinte situação aconteceu comigo hoje:

Eu estava comprando um iogurte em uma 7 Eleven qualquer, quando um cara xis surgiu do meu lado, deu uma risada deslumbrada e disse:

- Bla bla 非常 高 bla! Haha.


A moça do caixa balançou a cabeça de um lado pro outro e respondeu:

- 她聽不懂.

Eu, tranquila, guardei o meu troco no bolso, olhei para os dois sorrindo e, enquanto saía pela porta, falei:

- 對, 我聽不懂.


* TRADUÇÃO:

Homem dos dentes cor âmbar:
- Bla bla muito alta bla! Haha.

Moça do caixa:
- Ela não entende.

Eu:
- É, eu não entendo.


O semestre de Mandarim valeu a pena só por esse momento saboroso e efêmero.

domingo, 20 de junho de 2010

Super atleta por um dia

Bom, o fim de semana em que meus pais chegaram em Taiwan foi aquele d'A corrida. Eu tava super nervosa e ansiosa no sábado à noite. Não conseguia dormir por nada. – Será que eu vou conseguir subir até o topo? Uma da manhã. – Fica muito feio se eu demorar mais de uma hora pra subir tudo aquilo? Duas da manhã. – E se eu ficar cansada demais, desfalecer e rolar escada abaixo? Três da manhã. – Como faz se me bater a claustrofobia ali dentro? Quatro da manhã. – E se eu nem passar no mini exame médico de antes da corrida? Cinco da manhã. – Será que o percurso estará cheirando a suor?

Como vocês podem ver, tava um pouco difícil de relaxar. Um grande “sinto muito” pra você que acha errado, mas eu considerei necessário recorrer ao Lexotan pra conseguir calar a expectativa e dar um chega-pra-lá na adrenalina. Que maravilha. Um salve à pílula da alegria! Foi ótimo, super recomendo. Só me arrependo de não ter tomado antes das cinco e meia da manhã, porque duas horas depois eu já tive que levantar e vestir o meu uniforme de atleta.

Oito da manhã eu e meus pais entramos no carro com o Gil e a Aya rumo ao Taipei 101. Eu tava meio sonada, mas super empolgada, claro.


Chegando lá, vi um monte de gente se preparando pra subir, um palquinho com cheerleaders dançando e umas barraquinhas distribuindo amostras grátis de energético (me acabei na bebidinha da alegria também), suco, água, munhequeira e xarope pra conservar a cartilagem do joelho (? Xis).







Dirigi-me à tenda da organização do evento pra fazer o mini exame médico pré-corrida. Cheguei na doutora e falei: - Oi, eu vim fazer a avaliação.
Ela me olhou dos pés à cabeça e, assinando a minha ficha, disse:
- Você é bastante saudável.
- Hmm.. Obrigada?

Olha, foi o exame médico mais rápido da minha vida. Não sei por que eu me preocupei tanto com isso na noite anterior.

Bom, como eu fiz a minha inscrição nos ÚLTIMOS cinco minutos do ÚLTIMO dia – é claro – , eu estava alocada no ÚLTIMO grupo a subir. Lá pro meio-dia. Beleza, deu tempo de inspirar, expirar, alongar e dar uma voltinha no shopping do arranha-céu. Fiquei desfilando com o meu uniforme pra lá e pra cá, me achando A esportista. Fez bem pra minha confiança. Até o momento em que a minha mãe perguntou pra um homem que já tinha terminado a corrida:
- Como foi?
- Ah, eu desisti no 40º andar depois de 40 minutos subindo.

"Quê??". Pronto, bastou pra eu ficar insegura de novo. “Le dansée”.

Chegou a minha hora de subir. Eles estavam vibrando, torcendo. Uns fofos. Muito obrigada, viu? Sem vocês teria sido bem mais assustador e sem-graça.


- Cacá, então a gente se encontra lá em cima em uns 50 minutos, tá?

Entrei na fila.





Na concentração:

Logo antes de começar a subir eu passei o meu bracelete (com o chip que marca o tempo) na máquina que eles têm ali. Blip. E PRONTO, foi dada a largada!


Comecei a subir em um ritmo acelerado. Degrau após degrau. Não estava quente, não cheirava a suor, não estava cheio de gente. Ventiladores faziam o ar circular. A cada cinco andares, um time de apoio oferecia água e sofás para descanso. Não parei em nenhum desses postos. Eu acenava, sorria, e continuava. Eles batiam palmas e gritavam palavras de incentivo. Degrau após degrau. Décimo andar. Comecei a controlar a minha respiração, que já insistia em se tornar ofegante. Vigésimo andar. “Não deveria ter amarrado os meus cadarços tão apertados”. Trigésimo andar. O suor começou a escorrer e o meu corpo ficava cada vez mais quente. Quadragésimo andar. Mini-crise de claustrofobia tentando surgir. “Controle-se, Claudia!”. Qüinquagésimo andar. Nojo do corrimão. “Quantas mãos suadas já passaram por aqui?”. Sexagésimo andar. Pessoas paradas, envergadas, com as mãos nos joelhos, recuperando o fôlego. Setuagésimo andar. Imaginei como já estaria a vista se eu pudesse enxergar o lado de fora. Octogésimo andar. As minhas pernas começaram a ficar bambas de cansaço e emoção. Nonagésimo andar. Degrau após degrau. Nonagésimo primeiro andar. Blip – tempo marcado.

Logo a equipe de apoio me cobriu com uma toalha para amenizar o choque térmico. Flash de foto. Eu tava meio perdida. Pareceu uma viagem surreal. Como se eu estivesse dentro de uma caixa subindo escadas infinitas, mas sem sair do lugar. Até que o vento fresco me despertou com um tapa na cara: “Acorda, mulher! Você chegou no topo”.


(Obs.: Eu to pavorosa nessa foto, mas ela é a única que mostra o momento exato do final da corrida, assim como a minha cara de quem não tava assimilando muita coisa).

Andei devagar pra longe do fuzuê da chegada. Precisava contemplar aquela vista. Aquilo era o meu prêmio.
Apoiei a testa na grade fria. Inspirei fundo, forte. Expirei. Cheiro de nuvem. Realização.


Mal conseguia ver a linha do horizonte tamanha a neblina, mas pra mim já foi o suficiente. Agora eu queria encontrar meus pais e meus amigos pra comemorar a minha conquista – que pra alguns pode não querer dizer nada, mas pra mim valeu o mundo. Comecei a procurar o pessoal, mas não encontrava ninguém. “Ué, mas não era pra eles estarem aqui? (...) Será que faz menos de 50 minutos que eu comecei a subir?”. Fui buscar o meu certificado de conclusão da corrida. Na hora que eu o peguei na mão, nem acreditei: PERCURSO COMPLETADO EM 26 MINUTOS E 13 SEGUNDOS.


(Obs.: se você der um zoom nessa foto aí de cima, dá pra ver o "00:26:13" escrito no certificado).

O quê?!? Você jura? CAALA BOCA! Noossa, saí do lounge de cima pulando de alegria e encontrei meus pais lá embaixo, fora do prédio.


- Assim, Cacá, eu sempre acreditei em você, mas... 26 minutos?? Caramba, hein?

- Né? Arrasei ;]


Daí meus pais mandaram muitíssimo bem e convidaram todos pra almoçar no restaurante que fica lá no último andar. Comi como um padre, mas sem nenhum pingo de culpa católica.



Uma delícia de dia.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

It's cool to love your family

Eu estive sumida por uns tempos, mas é só porque eu tava fazendo mil coisas e agora to cheia de novidade pra contar.

Em primeiro lugar, os meus pais são incríveis e vieram me visitar aqui em Taiwan. Foi tão refrescante! Vieram no sábado 29 de Maio passar 4 dias em Hsinchu e redondezas, 5 dias na China Continental e mais alguns na Coréia. Ah, e nesse meio tempo me levaram pra passear em Shanghai pelo fim de semana. Como eu disse, incríveis.

A visita encheu meu coração de luz e a minha geladeira de comida:


Eu achava que ficava tão bonitinho com apenas aquela única garrafa de Vodka Absolut, bem no meio do freezer desértico.

Mas meus pais arrasaram e fizeram a compra do ano, além de também terem cozinhado e estocado comida brasileira e italiana no freezer (não mais desértico, naturalmente). Gente, eu sou crescidinha sim, mas não tem como negar. To aceitando de braços abertos. Se vocês quiserem me mandar comidas ocidentais também, vão em frente.

Ah é, e também teve o apê! Eles super deram um tapinha na decoração da minha sala, além de terem trazido o tecido pro sofá que a Giu me deu.


Agooora, sim. Oooutra coisa. Olha só que ambiente. Sinta o conforto despojado. Sente-se. Leia uma revista.

Então, deixa eu contar. Eles chegaram aqui no aeroporto e foi só emoção. A família da Aya Huang também foi recepcioná-los e depois todo mundo foi jantar juntinho.


Piadinhas, saladas, queijos, camisetas do brasil, havaianas, panna cotta. Não poderia ter sido melhor.

Durante os outros dias, eu os levei pra passear pela minha cidade. Praças, becos, comidas estranhas. The whole sha-bang.


PS: A presença do motoqueiro no quadro familiar não foi intencional.


* Note o conjuntinho "pescoço + cabeça de pato frito".

O tempo foi curto, mas muito bem aproveitado. O jantar de despedida também foi com a família Huang, e aí foi a nossa vez de ganhar presentinhos! Dá uma olhada:

Roupas, carimbos com os nossos nomes em chinês, pincéis, pingentes. Uma bela recepção. Amei cada presente.

Momento engraçado: Sabe quando a sua mãe vai tirar uma foto sua e fala pra você ajeitar a sua postura? Então, mas no caso da Aya, a mãe dela - que estava atrás da câmera - gritou: "e abre esse olho, minha filha!".


Logo na quarta de manhã eles voaram pra Guilin, no interior da China, e na sexta à noite foram me encontrar em Shanghai. Mas, antes, tenho que contar pra você como foi a corrida do domingo. Lembra? Taipei 101 Run Up?